Recentemente estreou o filme “Salgueiro Maia – O Implicado”, de Sérgio Graciano, sobre um dos mais destacados capitães de Abril e que devemos ver para conhecermos e percebermos o sentido abnegado e altruísta de Salgueiro Maia, como contraponto ao amiguismo, à cunha e oportunismo de que vivemos rodeados. É uma história de ficção baseada em factos históricos, relatos pessoais e revelações sobre um herói que abdicou do interesse próprio, que foi despojado do direito à reforma, com prejuízos para si e para a sua família (a filha, por exemplo, emigrou para o Luxemburgo à procura de emprego, sem regalias, nem vantagens por ser filha de um “capitão de Abril”), e que foi um exemplo na defesa da liberdade e dos direitos dos portugueses, imortalizado pelo seus atos, pela história e pelo poema “A Salgueiro Maia”, de Sophia de Mello Breyner Andresen:
«Aquele que na hora da vitória/respeitou o vencido/Aquele que deu tudo e não pediu a paga/Aquele que na hora da ganância/perdeu o apetite/Aquele que amou os outros e por isso/Não colaborou com a sua ignorância ou vício/Aquele que foi “Fiel à palavra dada à ideia tida”/como antes dele mas também por ele/Pessoa disse».
Segunda-feira, dia 25, comemorou-se mais um aniversário da Revolução que mudou Portugal. Para muitos é mais uma data… Mas é uma data que tem de ser sempre devidamente celebrada, que abriu as portas à liberdade e iniciou o processo de democratização de Portugal. Não podemos esquecer, nem podemos considerar que a liberdade está assegurada, não está, há tiranetes em todas as esquinas.
E oportunistas e demagogos que ocupam todos os lugares. E deformam os pressupostos de igualdade. Vemos como muitas vezes os que andam nos partidos e ligados ao poder por nomeação e compadrio ocupam os lugares, ficam com os empregos. Os jobs for the boys… recordando que, 48 anos depois, os “Vampiros” de Zeca Afonso – eles comem tudo e não deixam nada, está bem presente na sociedade de hoje.
Luís Baptista-Martins