Há 25 anos, nos primeiros dias de um novo século e de um novo milénio, o Jornal O INTERIOR apresentou-se ao mundo numa manhã fria de sol, numa cidade pintada de branco pelo primeiro nevão do século. ! Contrariando todas as profecias apocalípticas, nasceu como uma pedrada no charco nas águas paradas do imobilismo informativo, do marasmo social e do atrofiamento político… A Guarda era então uma cidade clerical e secular e a região estava parada no tempo. E os jornais eram reminiscências do século XX – O INTERIOR foi o primeiro jornal do distrito a merecer o Prémio Gazeta de Imprensa Regional (outorgado pelo Clube de Imprensa) e que nos foi entregue pelo então Presidente da República Jorge Sampaio. E foi o primeiro jornal em Portugal a nascer com dois suportes: em papel e digital (então, poucos conheciam a Internet e os jornais digitais eram uma curiosidade distante).
Citando-me (de outras edições e de outros aniversários), O INTERIOR é o resultado da preocupação e da vontade genuína de contrariar o marasmo e o atrofiamento social, cultural e político que se vivia na região. Resultado de muita discussão e reflexão entre mim e José Luís Carrilho de Almeida, o jornal deu corpo à utopia, ao sonho de mudar a região, à vontade de promover a metamorfose das nossas cidades, vilas e aldeias. Com a colaboração de muitas pessoas cheias de energia e vontade de mudar o mundo, mudando apenas o nosso território, mudámos as mentalidades e promovemos o desenvolvimento, contribuímos decisivamente para uma sociedade mais moderna, mais exigente, mais democrática e com maior civilidade e urbanidade. Lá longe, em 1999, promovemos a discussão do projeto com muitas personalidades instituindo o Conselho Editorial, integrado por Anabela Gradim, António Ferreira, António José Dias de Almeida, Carlos Baía, Cláudia Quelhas, João Canavilhas, José Manuel Mota da Romana, Maurício Vieira e Maria Antonieta Garcia. Mas ouvimos muitas mais pessoas, que viviam intensamente os problemas da região e mergulharam na utopia de O INTERIOR, e que neste momento também não podemos esquecer, como Carlos Adaixo, Américo Rodrigues, António Fidalgo, Diogo Cabrita, José Carlos Alexandre ou Nuno A. Jerónimo. E reunimos um grupo de jovens jornalistas (a redação foi inicialmente integrada, Elisabete Gonçalves, Luís Fonseca, Luis Martins e Victor Amaral) com várias colaborações que, ao longo dos anos contribuíram para a afirmação plural e editorial do jornal: Albino Bárbara, César Prata, Eduardo Lourenço, Francisco Pimentel, Godinho Gil, Joaquim Igreja, João de Almeida Santos, João Casteleiro, José Domingos, Luís Veloso, Manuel Sabino Perestrelo Miguel Castelo Branco, Miguel Sousa Tavares, Odete Santos, Pedro Dias de Almeida, Rui Costa, e tantos outros, porque O INTERIOR abriu as suas portas às mais diversas colaborações e às mais conspícuas opiniões.
Num tempo em que o interior está cada vez mais ostracizado; em que o distrito da Guarda assiste à fuga continua dos seus filhos; em que a região vai ficando despovoada; num país dependente das ajudas do Estado, em que não há agricultor que plante uma oliveira ou crie uma vaca sem subsídios; em que não há um pescador que pesque um peixe sem receber dinheiro do erário público; em que não há um industrial que não tenha apoio público ao investimento; em que não há um empreendedor que crie um emprego sem subsídios; em que não há um promotor que não candidate um projeto a financiamento europeu (e português)… tantos discutem os apoios do Estado à imprensa! A imprensa é essencial à democracia e presta um serviço público determinante, na vigilância e escrutínio dos diferentes poderes e na defesa da liberdade e da cultura.
Enquanto comemoramos o nosso 25º Aniversário, o nosso agradecimento a todos os que participaram e contribuíram para o nascimento e afirmação de O INTERIOR. Um muito obrigado a todos os colaboradores e leitores.
Parabéns!