António José Seguro disse no sábado, em Castelo Rodrigo, ter encontrado naquele concelho o que classificou como «um paradoxo»: há muita «terra fértil que se for bem trabalhada dá frutos, dá uvas, dá azeite e dá amêndoas» mas há, por outro lado, «gente sem trabalho». O secretário-geral do PS afirmou ter visto «muitos campos sem serem produtivos e outros em que já só entram animais», enquanto assegurou ter falado com «agricultores desesperados porque é difícil encontrar formas de tratar os olivais».

O discurso de António José Seguro, num jantar integrado na campanha para as eleições primárias de 28 de Setembro, causou algum embaraço entre os dirigentes socialistas locais. É que, à entrada, o líder do PS tinha à espera vários dos trabalhadores despedidos da empresa municipal de Figueira de Castelo Rodrigo, aos quais prometeu que iria «pedir mais informação» para «saber qual é a vossa questão em concreto» e que «daria uma resposta», garantido que «não sou insensível ao problema».

34 dos 59 trabalhadores da empresa municipal "Figueira Cultura e Tempos Livres" receberam há uma semana as cartas de despedimento, ficando os restantes 25 abrangidos pelo processo de internalização dos serviços. Esta foi a solução encontrada pela Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo face à inviabilidade financeira da empresa, de acordo com os critérios previstos na nova lei do sector empresarial local, aprovada em Julho de 2012 na Assembleia da República com os votos favoráveis do PSD e do CDS e a abstenção do PS.

À Rádio, o secretário-geral socialista não quis adiantar o teor da conversa que teve a este respeito com o presidente da autarquia de Figueira de Castelo Rodrigo e um dos anfitriões do jantar. António José Seguro recusou-se a responder, numa atitude idêntica à que tivera, na véspera, quando votou na Guarda (secção onde é militante) nas eleições para a federação distrital do PS. Quando questionado sobre a razão de ter comparecido a este acto eleitoral e não a anteriores (nomedamente à escolha do candidato socialista à Câmara da Guarda e à eleição da primeira comissão política concelhia após a derrota nas autárquicas), Seguro ignorou as perguntas.

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