O Plano de Mobilidade para o Interior ainda está a ser elaborado pelo Governo e vai envolver uma gestão supramunicipal dos transportes de passageiros.
O assunto foi abordado pela ministra da Coesão Territorial, na Covilhã, na semana passada, à margem da conferência “Desafios da mobilidade nos territórios de baixa densidade”, onde Ana Abrunhosa afirmou que este projeto «vai ser determinante para a melhoria das acessibilidades e da coesão territorial nas Beiras e Serra da Estrela». Segundo a governante, sendo as comunidades Intermunicipais autoridades de transporte, «cada vez mais a gestão dos transportes tem de deixar ser feita a nível municipal e passar para um nível supramunicipal, o que tornará o serviço mais atrativo para os operadores privados poderem concorrer, possibilitando uma maior rentabilidade da operação, o que não acontece se estiverem a candidatar-se apenas de um concelho».
Para Ana Abrunhosa, esta será «uma forma de incentivar a utilização dos transportes coletivos» em zonas despovoadas, num «trabalho complexo, mas que tem de ser feito pelas comunidades intermunicipais, em articulação com as entidades e serviços das regiões, para que a oferta seja consentânea com as necessidades das populações». Para tal, a ministra da Coesão Territorial acrescentou que «tem de passar a haver quantidade e qualidade de veículos nas horas em que as pessoas precisam», assim como «intermodalidade entre os diferentes transportes». E apontou como exemplo as zonas onde a gestão dos transportes coletivos já é realizada a nível intermunicipal e onde existe uma «oferta complementar para pessoas com baixos rendimentos, mais frágeis e mais envelhecidas, que é o transporte a pedido, mediante reserva por telefone».
A governante defendeu ainda a existência de «soluções adaptadas» a populações mais envelhecidas e isoladas, para as quais tem de se garantir «um transporte customizado». Recorde-se que o Governo tem previsto distribuir «mais de 300 milhões de euros» pelas áreas metropolitanas e pelas CIM para melhorar a mobilidade no país, mas lembrou que, em primeiro lugar, é preciso organização e depois, «naturalmente, vamos falar de investimento e de subsidiação». «O que todos queremos, incluindo os autarcas, é que essa verba aumente para todas as CIM, as do interior do país incluídas», e que «a diferença entre o que é a subsidiação dos territórios do interior e litoral não seja tão acentuada», realçou. Sobre os passes sociais, a ministra considerou que «têm de ser mais financiados nas comunidades intermunicipais do interior para estimular as pessoas a utilizar os transportes coletivos em vez do transporte individual» porque se não houver esse reforço financeiro «o que era um incentivo, quando comparando com outros territórios, irá cavar ainda mais um fosso entre as regiões».