Há estudantes matriculados no Instituto Politécnico da Guarda (IPG) que ainda não têm casa, quinze dias depois do início do ano letivo para os alunos da segunda fase de candidaturas. A situação não é nova, mas está a agravar-se dada a falta de alternativas às residências oficiais, já lotadas, e o aumento de candidatos que ingressaram no IPG nas duas primeiras fases de acesso ao ensino superior nas últimas semanas.
João Ferreira é um deles. Aluno do primeiro ano de Enfermagem na Escola Superior de Saúde da Guarda, entrou na segunda fase de candidaturas há duas semanas e não encontra casa ou quarto para alugar na Guarda. As aulas já começaram e a primeira semana deste aluno na cidade mais alta foi mais conturbada do que esperava.
Sem perspetiva de conseguir alugar casa ou um quarto na Guarda, João Ferreira ficou sem alternativa e pensa candidatar-se à terceira fase de acesso ao ensino superior para «conseguir entrar em Enfermagem nalgum sítio onde possa ficar e viver». O caso deste caloiro é do conhecimento do diretor dos serviços de Ação Social do Politécnico guardense, José Afonso, que confirma que as residências «estão cheias» e já há «lista de espera» para poder ter direito a alojamento.
Da lista final aprovada no Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES) não constam as candidaturas do Instituto Politécnico da Guarda (IPG).
As seis manifestações de interesse apresentadas para a construção e requalificação de residências de estudantes foram rejeitadas na primeira fase de avaliação pelo painel especialmente nomeado para a avaliação e acompanhamento das candidaturas a concurso. Em causa estava um investimento da ordem dos 12 milhões de euros e a criação de 589 camas na Guarda e Seia, com destaque para a construção de raiz de um edifício à entrada do campus. Desse montante, o IPG tencionava investir 6 milhões de euros em Seia para disponibilizar 200 novas camas. O relatório da Agência Nacional Erasmus+ justificou o “chumbo” com o facto das propostas não terem atingido a pontuação mínima nos critérios de avaliação, nomeadamente de «adequação da oferta à procura». O Politécnico recorreu da decisão, mas sem sucesso.
Já a Universidade da Beira Interior (UBI) vai investir 5 milhões de euros na renovação das residências 1, 3 e 4/5, bem como na adaptação em residência universitária do edifício da antiga cantina da Boavista, na Covilhã.
Os projetos foram aprovados no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), tendo as respetivas candidaturas ao financiamento do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES). Segundo a UBI, metade das atuais 700 camas disponíveis será abrangida por esta renovação.
Sofia Pereira