Sérgio Costa pôs fim à hegemonia de PS e PSD na Câmara da Guarda ao vencer no domingo as eleições autárquicas. É o primeiro independente – embora dissidente do PSD – a presidir à autarquia, mas a maioria relativa com que foi eleito deixa antever problemas. Já Chaves Monteiro, presidente cessante e candidato do PSD, foi apanhado na revoada eleitoral causada pelo movimento independente “Pela Guarda” (PG) e poderá não tomar posse como vereador, enquanto Luís Couto, independente que liderou a lista do PS, obteve o pior resultado dos socialistas desde o 25 de Abril e apenas um lugar no próximo executivo.
A festa aconteceu na Praça Velha, para onde desde cedo começaram a confluir os apoiantes do PG. A multidão estava já bem composta quando Sérgio Costa fez a sua primeira declaração para dizer que o resultado significou que «a política da verdade e da transparência ganhou». O novo presidente do município acrescentou que «sempre ambicionámos a vitória e esta noite o povo da Guarda quis mostrar claramente que quer um novo rumo para o nosso concelho e não iremos defraudar as suas expetativas», sublinhando que «a nossa governação será igual a nós próprios: transparente, verdadeira, competente e com liderança». «É isso que a Guarda precisa», considerou o ex-vice-presidente da autarquia.
E nem a maioria relativa obtida no domingo parece preocupar o vencedor de domingo, pois «quem ganha governa e foi o movimento “Pela Guarda” que ganhou e vai governar». Feito o aviso, Sérgio Costa prometeu liderar o município «com os pés bem assentes na terra» e trabalhar «com todos e para todos», um dos lemas da sua candidatura. «Com toda a calma e serenidade haveremos de formar o nosso executivo», prosseguiu, reiterando que é «o presidente eleito» pelos guardenses. «Vou cumprir mandato até ao fim, outra coisa não seria de esperar, porque a população assim decidiu e essa escolha deve ser respeitada», afirmou. Sérgio Costa lembrou ainda que, enquanto vereador, «sempre falei a verdade dos factos e os guardenses julgaram bem isso, pelo que é só continuarmos a fazer isso na governação da Câmara com dedicação, transparência, competência, trabalho e liderança».
O presidente eleito adiantou ainda que uma das primeiras medidas que vai tomar terá a ver com a variante da Ti’Jaquina e o plano de pormenor da Quinta do Cabroeiro, processo para o qual promete «total transparência e diálogo» com os proprietários. «Representaremos apenas e tão só os interesses da Guarda e não quaisquer outros interesses que andariam por aí debaixo do pano», insistiu o primeiro autarca independente da Guarda. Uma ideia repetida por José Relva, eleito presidente da Assembleia Municipal: «Sempre dissemos que se fôssemos eleitos não iríamos ser os senhores da Guarda, iríamos ser os servidores da Guarda e é isso que vamos fazer», afirmou, destacando que o PG «começou do zero» e chegou à vitória «em poucos meses, com o trabalho de todos, apesar das diferenças».
O movimento independente PG venceu na Guarda, com 36,22 por cento dos votos, e elegeu três vereadores, tantos quanto o PSD, que perdeu a Câmara, a que presidia desde 2013, obtendo 33,68 por cento. Já o PS ficou-se por 17,98 por cento dos sufrágios e um mandato, naquele que é o seu o pior resultado de sempre em eleições autárquicas. O PG também ganhou para a Assembleia Municipal, onde vai ter 16 deputados, mais um que o PSD (15), enquanto o PS elegeu 10 e o Chega entra pela primeira vez neste órgão com um eleito, a passo que a CDU deixou de ter representatividade. Já o Bloco de Esquerda manteve um lugar e o CDS passou a ter apenas um deputado.