A Câmara da Guarda pode vir a ponderar a compra do velho cine-teatro. A autarquia agora presidida por Carlos Monteiro parece empenhada em “enterrar o machado de guerra” (que envolveu mesmo processos judiciais) de décadas com a empresa proprietária do edifício. Tudo começou em meados da década de 90, quando o empresário Antero Cabral Marques comprou o imóvel. O município tinha falhado o acordo com os herdeiros dos proprietários originais e tentou depois o negócio com o promotor imobiliário. Ofereceu o equivalente a dois milhões e meio de euros, mas Antero Cabral Marques pediu o dobro (cinco milhões de euros, à época um milhão de contos). A autarquia não aceitou e desde então vetou vários projectos de reabilitação do edifício para outro outro uso que não fosse o cultural. Paralelamente, a mesma empresa manteve um longo diferendo relacionado com a expropriação dos terrenos da antiga Quinta do Alarcão para a construção da Biblioteca Eduardo Lourenço, num processo que acabou com a condenação da Câmara ao pagamento de mais de três milhões e meio de euros à sociedade liderada por Antero Cabral Marques. Após a morte do empresário os herdeiros tentaram normalizar a relação com a autarquia, obtendo desde logo autorização para as obras de limpeza, reparação de fachadas e consolidação de coberturas e, agora, cedendo edifício para ser o centro da edição deste ano do SIAC, o Simpósio Internacional de Arte Contemporânea, organizado pelo Museu da Guarda [ver notícia aqui]. E não está posta de parte a retoma da negociação interrompida há duas décadas. Só que, por agora, as prioridades são outras, esclarece o presidente da Câmara, Carlos Chaves Monteiro, ao mesmo tempo que desafia os proprietários a procurarem outras soluções para o aproveitamento do espaço, «dentro daquilo que a lei determina». Além da cedência para o acolhimento do simpósio, a empresa também patrocina, apresentando-se como editora, a publicação de uma nova revista literária que tem o director do Museu da Guarda, João Mendes Rosa, como um dos coodernadores. O nome da publicação, ”Praça Nova”, sugere já estar assumido o fim da revista cultural editada pela Câmara, a “Praça Velha”, cujo último número saiu em Novembro de 2018 sob a direcção do vereador da Cultura, Victor Amaral.
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