O presidente da federação distrital da Guarda do Partido Socialista, Pedro Fonseca, quer «reformular as funções atribuídas ao funcionário» daquela estrutura e «zelar pelo seu cumprimento». Faz, assim, um reparo implícito ao desempenho de Ernesto Gonçalves, o histórico militante e último presidente da junta da extinta freguesia urbana da Sé, que é há várias décadas o único funcionário do PS na Guarda, com responsabilidades na organização do partido e na gestão da sede distrital.
Ao mesmo tempo, a nova sede na Rua Mestre de Aviz (para onde a federação já mudou, depois do diferendo com a senhoria da histórica sede na Rua Francisco dos Prazeres) poderá acolher apenas os órgãos distritais. A intenção de Pedro Fonseca é «assegurar um espaço físico (sede) próprio para cada Comissão Política Concelhia poder desenvolver o seu trabalho político».
Estas mudanças fazem parte do “Programa de Acção Política da Federação” para o período de 2018 a 2020, que foi apresentado pelo líder federativo à comissão política distrital, no final da semana passada.
Na mesma reunião foi deliberado atribuir um cargo nunca ocupado nos últimos anos: Presidente Honorário da federação distrital da Guarda do Partido Socialista.
A escolha recaiu sobre Carlos Luís, que foi deputado pela Guarda durante uma década, entre 1985 e 1995. Chegou mesmo a fazer campanha como cabeça de lista do PS pelo distrito nas eleições legislativas de 1991, mas apenas por impedimento de saúde do primeiro candidato (o então presidente da Câmara da Guarda, Abílio Curto, que sofrera um enfarte durante uma visita oficial a Cabo Verde, naquele ano).
Antes tinha desempenhado funções de adjunto do governador civil da Guarda, João Gomes, entre 1983 e 1985, e de presidente da Assembleia Municipal do Sabugal em 1987.
Como deputado foi ainda eleito pelo círculo da Emigração (Europa) nas legislaturas entre 1995 e 2005.
Foi mais tarde nomeado secretário-geral da nova Fundação Inatel (sucessora do instituto público com o mesmo nome, após reestruturação decidida pelo Governo de José Sócrates) e nessas funções teve um papel determinante na localização, na Guarda, da sede para a região centro. «Mal seria se eu, como egitaniense, não pugnasse para que a sede da Fundação Inatel ao nível da Região Centro ficasse sediada na cidade da Guarda», afirmou em Julho de 2009, numa cerimónia que instituiu os serviços regionais e que contou com a presença do presidente do conselho de administração da fundação, Vítor Ramalho, da governadora civil, Maria do Carmo Borges, e do presidente da Câmara, Joaquim Valente.
O delegado regional então nomeado foi António Carlos Santos, agora o mais próximo e influente colaborador de Pedro Fonseca no secretariado da federação. Uma influência que ajuda a explicar a criação do cargo de presidente honorário da federação e a indicação do professor de 68 anos, natural de Vila do Touro (Sabugal).
A proximidade entre Carlos Luís e António Carlos Santos perdurou para além das responsabilidades que ambos tiveram no Inatel e não está afastada a possibilidade de o antigo deputado vir a figurar, de novo, na lista de candidatos às eleições legislativas pelo círculo da Guarda, no próximo ano.
Os actos eleitorais que se avizinham estão, aliás, no topo das prioridades da federação, segundo o documento programático a que a Rádio teve acesso. A estrutura presidida por Pedro Fonseca pretende «contribuir, desde a primeira hora, para a elaboração dos Programas Eleitorais para as Eleições para o Parlamento Europeu de 2019 e para as Eleições Legislativas de 2019». E vai «elaborar e entregar às estruturas nacionais do Partido, para cada um dos atos eleitorais, um diagnóstico detalhado da realidade dos nossos territórios e das nossas populações, partilhando as nossas preocupações, as nossas ideias e as nossas expetativas». Compromete-se também a «participar de forma activa e consequente nas duas campanhas eleitorais do Partido Socialista de 2019»: as Eleições para o Parlamento Europeu e as Eleições Legislativas.
Para isto Pedro Fonseca defende uma profunda reestruturação do PS distrital, que resulte num «fortalecimento interno». Quer os militantes «envolvidos na actividade política quotidiana», integrando «uma ou mais áreas temáticas do Conselho Consultivo do Presidente da Federação» e aderindo «aos Departamentos Nacionais Temáticos que trabalhem temas do seu interesse» e aos Clubes de Política e Estruturas de Militância Digital».
Em termos de organização distrital, a federação quer participar – «preferencialmente através do seu Presidente» – nos plenários das comissões políticas concelhias e realizar «um plenário de militantes anual em cada concelhia».
A mesma proximidade é alargada à Juventude Socialista: «Realizar reuniões mensais do Presidente da Federação com o Presidente da Federação da JS» e «Realizar reuniões trimestrais conjuntas do Secretariado da Federação com o Secretariado da Federação da JS e os Secretariados Concelhios da JS, com quem desenvolveremos um plano de formação política para o atual mandato».
A federação também pretende fazer regressar ao PS «os filiados que se afastaram do partido nos últimos anos». Para isso propõe «uma abordagem personalizada que atenda às especificidades de cada caso».
O documento estratégico também dedica atenção à sociedade civil: «Manter um diálogo permanente com as forças vivas da sociedade» é o propósito, que será alcançado através de «visitas institucionais e reuniões periódicas com instituições e entidades da sociedade civil» e «uma sessão trimestral de auscultação das forças vivas da sociedade civil Guardense».
Mas a grande novidade é a criação de uma espécie de “central de comunicação”. Pedro Fonseca quer «uma nova estratégia de comunicação e marketing político» e para isso criará «um departamento de comunicação e notícias da Federação».
Será uma estrutura profissional, «dotada de recursos humanos (profissional de comunicação e multimédia) e técnicos (máquina de vídeo, máquina fotográfica, software)», lê-se no documento.
Terá como missão «o acompanhamento e cobertura das atividades da Federação e do PS no Distrito, elaborando notícias, vídeos, entrevistas e reportagens, gravações áudio e vídeo, a serem divulgadas nos canais de comunicação da Federação e enviados às agências de notícias e órgãos de informação locais, distritais e nacionais».